O Primeiro Pecado do Homem
Do solo fez o SENHOR Deus
brotar toda sorte de árvores agradáveis à vista e boa para alimento; e também a
árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal
(Gênesis 2:9).
E lhe deu esta ordem: De toda
árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do
mal não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás (Gênesis
2:16,17).
Então a serpente disse à
mulher: E certo que não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele
comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do
mal. Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos, e
árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu, e deu
também ao marido, e ele comeu. Abriram-se, então, os olhos de ambos; e,
percebendo que estavam nus, coseram folhas de figueira e fizeram cintas para
si. Quando ouviram a voz do SENHOR Deus, que andava no jardim pela viração do
dia, esconderam-se da presença do SENHOR Deus, o homem e sua mulher, por entre
as árvores do jardim (Gênesis 3:4-8).
Neste estudo gostaríamos de
ver como foi que o primeiro homem pecou, e recebê-lo como admoestação para nós
hoje. Pois como foi o primeiro pecado, assim serão todos os pecados depois
dele. O pecado que Adão cometeu é o mesmo que todos nós cometemos. De modo que,
conhecendo o primeiro pecado, podemos compreender todos os pecados do mundo.
Pois segundo a perspectiva bíblica, o pecado possui um único princípio.
Em todo pecado podemos ver o
"ego" em operação. Embora hoje em dia as pessoas classifiquem os
pecados em um sem-número de categorias, entretanto, falando por indução, há somente
um pecado básico: todos os pensamentos e ações que se constituem pecado estão
relacionados com o "ego". Em outras palavras, embora o número de
pecados no mundo seja deveras astronômico, o princípio subjacente a cada pecado
é somente um — tudo o que satisfaz o ego. Todos os pecados são cometidos por
causa do ego. Se faltar o ego, não haverá pecado. Examinemos este ponto mais
atentamente.
O que é o orgulho? Não é uma
exaltação do ego? O que é o ciúme? Não é o temor de ser suplantado? O que é a
emulação? Nada mais é que a luta para ser melhor do que os outros.
O que é a raiva? É a reação contra a perda sofrida pelo ego. O que é o adultério? E seguir as paixões e lascívias do ego. Não é a covardia o cuidado que se dá à fraqueza do ego? Ora, é impossível mencionar todos os pecados, mas se examinássemos a todos, um por um, descobriríamos que o princípio de todos eles é o mesmo: algo que de alguma maneira se relaciona com o ego. Onde quer que se encontre pecado, aí também estará o ego. E onde quer que o ego for ativo, ali também haverá pecado à vista de Deus.
O que é a raiva? É a reação contra a perda sofrida pelo ego. O que é o adultério? E seguir as paixões e lascívias do ego. Não é a covardia o cuidado que se dá à fraqueza do ego? Ora, é impossível mencionar todos os pecados, mas se examinássemos a todos, um por um, descobriríamos que o princípio de todos eles é o mesmo: algo que de alguma maneira se relaciona com o ego. Onde quer que se encontre pecado, aí também estará o ego. E onde quer que o ego for ativo, ali também haverá pecado à vista de Deus.
Por outro lado, ao
examinarmos o fruto do Espírito Santo — que representa o testemunho cristão —
facilmente veremos o oposto: nada mais é do que atos desprendidos do ego. O que
é o amor? Amor é apreciar os outros sem pensar no ego. Que é a alegria? É olhar
para Deus a despeito do ego. Paciência é desprezar nossa própria dificuldade.
Paz é deixar a perda de lado. Gentileza é não prestar atenção a nossos próprios
direitos. Humildade é esquecer-se dos méritos próprios. Temperança é o ser sob
controle. Fidelidade é domínio-próprio. Ao examinarmos todas as virtudes
cristãs, discerniremos que a não ser pela libertação do ego ou do seu
esquecimento, o crente não possui outra virtude. O fruto do Espírito Santo é
determinado por um único princípio: a perda total do ego.
Mencionei somente algumas
virtudes e alguns pecados; mas acho que são suficientes para provar que pecado
é seguir o ego ao passo que virtude é esquecer-se do ego. Se compreendermos
estes dois princípios, poderemos diariamente observar todos os vários pecados
e julgar se cada um deles relaciona-se com o ego ou não. Mas permita-me
dizer-lhe claramente que à parte do "desprendimento" humano não há
virtude, e à parte do seu "egoísmo" não há pecado. O ego do homem é a
raiz de todos os males.
Nas passagens que lemos no
início deste capítulo vimos que existiam duas árvores no jardim do Éden e que
Adão, ao comer o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, trouxe o
pecado ao mundo. Examinemos mais atentamente as duas árvores mencionadas. Usarei
duas palavras para representar o significado de ambas as árvores. O significado
da árvore do conhecimento do bem e do mal é independência, e o da árvore
da vida é confiança.
Examinaremos primeiro a
árvore do conhecimento do bem e do mal. De saída devemos compreender que o
comer do fruto desta árvore em si não é grande pecado. Aqui Adão não cometeu
adultério, assassínio, nem muitos outros pecados imundos. Simplesmente comeu
do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Ora, embora o que Adão
cometeu não fosse algum pecado horrível, não obstante, o comer do fruto desta
árvore fez com que não somente ele caísse, mas também sua descendência, desta
forma enchendo o mundo de pecados. Embora o pecado cometido por ele não fosse
horrível, seu ato deu ensejo a toda sorte de pecados. Segundo nossa lógica, se
o primeiro pecado do homem realmente for o "gerador" de todo o pecado
do mundo, esse primeiro pecado deve ser o mais horrível de todos. Entretanto o
que vemos aqui é meramente um homem comendo fruto demais. Em certo sentido,
portanto, é de aparência inócua.
Por que isto é assim? Deus vê
o pecado de Adão como espécime típico de incontáveis pecados a serem cometidos
por todos os homens depois dele. Deus deseja que compreendamos não importa qual
seja a natureza do pecado de Adão, essa também será a natureza dos múltiplos e
variados pecados que o mundo cometerá depois de Adão. Externamente o pecado
pode ser polido ou rude, mas sua natureza e princípio permanecem sempre os
mesmos. O pecado de Adão não é mais que seguir sua própria vontade. Uma vez
que Deus lhe havia proibido comer desse fruto particular, ele devia
completamente ter-se desfeito de sua própria inclinação e obedecido a Deus.
Mas ele desobedeceu a Deus e comeu o fruto, segundo sua própria vontade. E
assim ele pecou. Daí se depreende que o pecado de Adão nada mais foi que agir
fora de Deus e segundo sua própria vontade. Embora os pecados cometidos pela
descendência de Adão diferissem grandemente do seu em aparência (pois não há
outra pessoa que possa cometer o mesmo pecado que Adão cometeu), porém, em
princípio, também agiram segundo sua própria vontade, logo seus pecados têm
todos a mesma natureza.
É pecado conhecer o bem o
mal? Não é virtude procurar conhecer o bem o mal? Deus conhece o bem e o mal
(veja Gênesis 3:5, 22). É pecado ser igual a Deus? Não é algo elogiável
procurar ser igual a Deus? Por que, pois, o ato de Adão torna-se a própria raiz
de todo o pecado e miséria humanos? Por que motivo? Embora tal ação,
aparentemente seja boa, Adão agiu sem o mandamento ou promessa de Deus. E ao
tentar conseguir esse conhecimento fora de Deus, segundo seu próprio ego, Adão
pecou. Agora percebemos o significado da palavra "independência"? Todas
as ações independentes são pecado. Adão não tinha confiado em Deus; não tinha
tomado a decisão de obedecer a Deus; havia agido independentemente de Deus; e a
fim de conseguir esse conhecimento havia proclamado a independência contra
Deus. E é por isso que o Senhor declarou ser isto pecado.
Portanto, compreenda isto,
não é preciso cometer muitos e terríveis pecados a fim de se considerar
pecador. Para Deus, todas as ações realizadas fora dele são pecado. "Ser
igual a Deus", por exemplo, é excelente desejo; mas tentar fazê-lo sem
ouvir o mandamento de Deus e sem esperar pelo tempo de Deus é pecaminoso à sua
vista. Quão freqüentemente julgamos ser as coisas más pecados e as boas,
justiça. Deus, entretanto, vê as coisas de maneira diferente. Em vez de
diferenciar o bem e o mal pela aparência, ele olha para o modo com que tal ação
é feita. Não importa quão excelente tal coisa possa parecer ao mundo, tudo o
que for feito pelo crente sem procurar a vontade de Deus, sem esperar por seu
tempo, ou sem depender de seu poder (mas feito segundo nossa própria vontade,
com pressa, ou por nossa própria habilidade) — tal ação é pecado à vista de
Deus.
O Senhor não olha para o bem
ou para o mal da coisa em si. Antes, olha para sua fonte. Ele anota mediante
que poder tal coisa é feita. A parte de seu próprio poder, Deus não se interessa
por nenhum outro. Ainda que fosse possível que o crente fizesse algo melhor que
a vontade de Deus, ele ainda condenaria a ação e consideraria o crente ter
pecado.
É verdade que todas as suas
obras e aspirações são segundo a vontade de Deus? Ou são elas simplesmente sua
própria decisão? Suas obras têm origem em Deus? Ou são elas realizadas segundo
seu bom prazer? Todas as nossas ações independentes, não importa quão
excelentes ou virtuosas pareçam ser, não são aceitáveis a Deus. Tudo o que é
feito sem saber claramente a vontade de Deus é pecado aos olhos dele. Tudo o
que é realizado sem depender dele também é pecado.
Os cristãos de hoje são muito
capazes de fazer coisas, são muito ativos e fazem coisas boas em excesso!
Entretanto Deus não olha para a quantidade de boas obras que a pessoa realiza;
interessa-se somente pelo quanto é feito por amor ao seu mandamento. Ele não
indaga o quanto a pessoa trabalhou para ele; simplesmente pergunta o quanto
depende dele. O prazer de Deus não se encontra na muita atividade e sim, na
dependência que a pessoa tem dele. Não importa quão zelosamente você trabalhe
para o Senhor, sua obra será em vão se não for feita por ele em você. Devemos
fazer esta pergunta a nós mesmos: é a obra que faço realizada pelo Senhor em
mim, ou sou eu mesmo quem a efetua? Todas as obras independentes de Deus são
pecado.
Por favor, tenha em conta que podemos pecar até mesmo enquanto salvamos almas. Se não dependermos de Deus, mas confiarmos em nosso próprio entendimento e experiência do evangelho, à vista de Deus estaremos pecando e não salvando almas, ainda que gastemos tempo e energia persuadindo as pessoas a crerem no Senhor! Se em vez de perceber nossa total fraqueza e depender inteiramente do poder do Senhor, tentarmos edificar os santos com a força de nosso conhecimento bíblico e da excelência de nossa sabedoria, aos olhos de Deus estaremos pecando enquanto pregamos! Por melhores que todos os atos de amor e compaixão possam parecer ao público, — se forem realizados por nosso impulso ou força — aos olhos de Deus são pecaminosos. O Senhor não pergunta se fizemos um bom trabalho; somente examina se confiamos nele. Tudo o que é feito por nossa própria vontade será queimado no dia do juízo de Cristo, mas o que é realizado em Deus permanecerá.
Por favor, tenha em conta que podemos pecar até mesmo enquanto salvamos almas. Se não dependermos de Deus, mas confiarmos em nosso próprio entendimento e experiência do evangelho, à vista de Deus estaremos pecando e não salvando almas, ainda que gastemos tempo e energia persuadindo as pessoas a crerem no Senhor! Se em vez de perceber nossa total fraqueza e depender inteiramente do poder do Senhor, tentarmos edificar os santos com a força de nosso conhecimento bíblico e da excelência de nossa sabedoria, aos olhos de Deus estaremos pecando enquanto pregamos! Por melhores que todos os atos de amor e compaixão possam parecer ao público, — se forem realizados por nosso impulso ou força — aos olhos de Deus são pecaminosos. O Senhor não pergunta se fizemos um bom trabalho; somente examina se confiamos nele. Tudo o que é feito por nossa própria vontade será queimado no dia do juízo de Cristo, mas o que é realizado em Deus permanecerá.
O significado do fruto da
árvore do conhecimento do bem e do mal não é outro senão o estar ativo fora de
Deus, procurar o que é bom segundo o entendimento da própria pessoa, estar com
pressa e ser incapaz de esperar a fim de obter o conhecimento que Deus ainda
não deu; não confiar no Senhor, mas procurar avançar pelo nosso próprio
caminho. Tudo isso pode ser resumido numa frase: independência de Deus. Esse
foi o primeiro pecado do homem. Deus não tem prazer no homem que se aparta dele
e age independentemente. Pois ele deseja que o homem confie nele.
O propósito do Senhor ao
salvar o homem e também ao criá-lo é que o homem confie em Deus. Eis o
significado da árvore da vida: confiança. "De toda árvore do jardim
comerás livremente", disse Deus a Adão; "mas da árvore do
conhecimento do bem e do mal não comerás." Dentre todas as árvores cujos
frutos podiam ser comidos, Deus menciona especialmente a árvore da vida em
forte contraste com a árvore do conhecimento do bem e do mal. "E também a
árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do
mal." Ao notarmos a menção particular de Deus à árvore da vida, devemos
reconhecer que de todas as árvores comestíveis, esta é a mais importante. E desta
árvore que Adão devia ter comido primeiro. Por que é isto assim?
A árvore da vida representa a
vida de Deus, a vida não criada de Deus. Adão é um ser criado, portanto não
possui esta vida não criada. Embora a esta altura ele ainda esteja sem pecado,
não obstante é apenas natural uma vez que não recebeu a vida santa de Deus. O
propósito de Deus é que Adão escolha o fruto da árvore da vida por sua própria
vontade para que se relacione com Deus pela vida divina. Assim, Adão, de
simples criatura de Deus, chegaria ao novo nascimento. O que Deus requer de
Adão é que negue sua vida natural e se una a ele pela vida divina, destarte
vivendo diariamente pela vida de Deus. Este é o significado da árvore da vida.
O Senhor queria que Adão vivesse por essa vida que não era dele
originariamente.
Logo, temos aqui o sentimento
distinto da dependência, confiança. Pois quando o ser criado vive por sua vida
natural, não precisa depender de Deus. Esta vida criada é autônoma e
autopreservadora. Mas para que o ser criado viva pela vida do Criador, ele tem
de ser totalmente dependente pois a vida que levaria então não seria sua, mas
de Deus. Ele não poderia ser independente de Deus mas teria de manter constante
comunhão com ele e confiar completamente nele. Essa é a vida que Adão não tem
em si mesmo e logo deve confiar em Deus a fim de recebê-la. Além disso, essa
vida — se recebida por Adão — é a que ele não poderia levar por seu próprio
esforço; por isso teria de depender de Deus continuamente a fim de conservá-la.
Assim, a condição para conservá-la tornar-se-ia a mesma condição para
recebê-la. Adão teria de depender dia a dia a fim de viver esta vida santa de
uma maneira prática.
Tudo isto que temos dito com respeito a Adão, Deus também o exige de nós. Na época de Adão a vida de Deus e a vida do homem estavam presentes no jardim. Hoje, a vida divina e a vida humana estão presentes em nós. Nós, os que cremos no Senhor e somos salvos, nascemos de novo — isto é, nascemos de Deus; e assim temos uma vida de relacionamento com Deus. A vida da criatura está em nós, mas também está a vida do Criador. O problema atual então, é se vivemos ou não pela vida divina — se nossa vida depende ou não totalmente de Deus. Assim como nossa carne não pode viver se estiver separada de sua vida natural, da mesma forma nossa vida espiritual não pode prosseguir se estiver separada da vida do Criador.
Tudo isto que temos dito com respeito a Adão, Deus também o exige de nós. Na época de Adão a vida de Deus e a vida do homem estavam presentes no jardim. Hoje, a vida divina e a vida humana estão presentes em nós. Nós, os que cremos no Senhor e somos salvos, nascemos de novo — isto é, nascemos de Deus; e assim temos uma vida de relacionamento com Deus. A vida da criatura está em nós, mas também está a vida do Criador. O problema atual então, é se vivemos ou não pela vida divina — se nossa vida depende ou não totalmente de Deus. Assim como nossa carne não pode viver se estiver separada de sua vida natural, da mesma forma nossa vida espiritual não pode prosseguir se estiver separada da vida do Criador.
Deus não deseja que tenhamos
nenhuma atividade fora dele. Deseja que morramos para nós mesmos e sejamos
dependentes dele como se não pudéssemos nos mover sem ele. Ele não gosta que
iniciemos nada sem sua ordem. Ele se agrada de que realmente percebamos nossa
inutilidade e confiemos nele de todo o coração. Devemos resistir a todas as
ações independentes de Deus. As obras que são feitas sem oração e espera, sem
procurar conhecer claramente a vontade divina, sem confiar inteiramente em
Deus, e sem examinar nossa consciência a fim de determinar se o ego ou a
impureza estão misturados: tudo isto provém de nós mesmos e é pecado à vista
de Deus.
O Senhor não pergunta quão
boa é nossa obra; ele somente pergunta quem fez a obra. Ele não será movido
pelo pequeno bem que você e eu façamos. Ele não está satisfeito com nada a não
ser sua obra. Você pode estar ativamente engajado na obra dele e
trabalhar muito; você pode até mesmo sofrer por causa de Cristo e de sua
igreja; mas se não tiver certeza de que é Deus que deseja que você realize a
obra, ou se não compreender completamente sua própria ignorância e
incompetência e com muito temor e tremor se lance sobre o Senhor, então, como
Adão, você estará pecando à vista de Deus. Oh! Cesse sua própria obra! Não
pense que pode fazer tudo o que seja bom. Você pode labutar e se esforçar
segundo seu próprio prazer, mas terá pouca ou nenhuma utilidade espiritual.
Todos nós sabemos que o
incrédulo, não importa quão boa seja sua conduta, não pode ser salvo por ela.
Não conhecemos nós tantos não-crentes cuja conduta é recomendável? São amáveis,
gentis, humildes, pacientes; muitas vezes ultrapassam a média dos cristãos em
virtude. Por que, apesar da conduta invejável, ainda não são salvos? Porque
todo este bem provém de sua vida natural, logo não podem obter a aprovação de
Deus. Deus somente se agrada do que pertence a ele; do que procede dele.
Conseqüentemente, incrédulo algum pode agradar a Deus com seus próprios
feitos.
O mesmo se aplica ao crente.
Pensamos poder agradar ao Senhor com nossas obras boas e zelosas? Precisamos
compreender que a não ser pela vida que Deus nos deu, não existe a mínima
diferença entre o nosso ego e o ego dos incrédulos. Os egos são
absolutamente os mesmos. A vida natural do pecador e a vida natural do santo
não diferem uma da outra. Se as boas ações realizadas pelos incrédulos,
mediante esta vida natural são rejeitadas por Deus, também o será o bem praticado
mediante a vida natural pelos crentes.
É triste que esqueçamos tão
prontamente a lição que antes tínhamos aprendido! Quando cremos no Senhor
Jesus, Deus convenceu-nos por seu Espírito Santo de que nossa justiça, a seus
olhos, para nada servia. Depois de sermos salvos, entretanto, de alguma forma,
voltamos a imaginar que agora nossa própria justiça é útil e agradável a Deus.
Devíamos saber que pelo fato de sermos salvos e nascidos de novo nossa velha
vida não melhorou nem mudou em nada. A não ser pela vida nova recém-obtida de
Deus, nosso antigo ego permanece o mesmo.
O princípio que aprendemos na
regeneração devia ser mantido continuamente. Uma vez que nós, quando
incrédulos, não fomos salvos por nossas obras independentes, da mesma forma,
nós, os crentes, não ganharemos a aprovação de Deus por nossas ações
independentes. Tudo o que é feito fora da dependência de Deus é desagradável a
ele. Quer proceda do pecador quer do santo, a ação independente é rejeitada por
Deus.
Você pode se gloriar de quanto, como crente, tem feito; o quanto tem trabalhado, e até mesmo quanta bênção e fruto tem experimentado; ainda assim, aos olhos de Deus estas não passam de obras mortas e sem utilidade alguma. Pois todas elas são realizadas por você mesmo e não pela operação divina em você. Quão difícil é depender de Deus! Quão difícil é para os sábios confiarem! Quão árduo é para os talentosos confiar em Deus! Muitas vezes tornamo-nos ativos sem esperar que Deus nos dê força especial. É-nos tremendamente difícil negar o nosso talento, tornar-nos totalmente inúteis perante Deus e não depender de nossa capacidade mas totalmente do Senhor. O Senhor deseja que neguemos a nós mesmos e a nosso poder e que reconheçamos a nossa fraqueza e a inutilidade de nossas palavras e ações. A não ser que primeiro chegue o suprimento de Deus, não podemos dizer palavra alguma nem realizar nada. É assim que ele deseja que dependamos dele. Pois o que temos em nós mesmos sem dúvida nos afastará de Deus. Nosso talento, nossa sabedoria, nosso poder e nosso conhecimento, tudo tenderá a fortalecer nossa autoconfiança excluindo nossa confiança nele. A menos que propositada e persistentemente neguemos nossa capacidade, jamais dependeremos de Deus.
Você pode se gloriar de quanto, como crente, tem feito; o quanto tem trabalhado, e até mesmo quanta bênção e fruto tem experimentado; ainda assim, aos olhos de Deus estas não passam de obras mortas e sem utilidade alguma. Pois todas elas são realizadas por você mesmo e não pela operação divina em você. Quão difícil é depender de Deus! Quão difícil é para os sábios confiarem! Quão árduo é para os talentosos confiar em Deus! Muitas vezes tornamo-nos ativos sem esperar que Deus nos dê força especial. É-nos tremendamente difícil negar o nosso talento, tornar-nos totalmente inúteis perante Deus e não depender de nossa capacidade mas totalmente do Senhor. O Senhor deseja que neguemos a nós mesmos e a nosso poder e que reconheçamos a nossa fraqueza e a inutilidade de nossas palavras e ações. A não ser que primeiro chegue o suprimento de Deus, não podemos dizer palavra alguma nem realizar nada. É assim que ele deseja que dependamos dele. Pois o que temos em nós mesmos sem dúvida nos afastará de Deus. Nosso talento, nossa sabedoria, nosso poder e nosso conhecimento, tudo tenderá a fortalecer nossa autoconfiança excluindo nossa confiança nele. A menos que propositada e persistentemente neguemos nossa capacidade, jamais dependeremos de Deus.
Quando pequena, a criança
depende de seus pais para tudo; mas quando cresce possui em si mesma tal poder
e sabedoria que procura a independência em vez da dependência. Nosso Deus
deseja que tenhamos com ele um relacionamento permanente como crianças para
que possamos continuamente confiar nele.
Você acha que agora tem
poder? Que já foi santificado? Que já foi enchido permanentemente com o
Espírito Santo? Que suas obras já produziram frutos? Se assim for, essa maneira
de pensar privá-lo-á de um coração dependente. É preciso que você mantenha a
atitude e a postura de desamparo perante os homens a fim de fazer real
progresso no caminho de Deus. Se permitir que o ego penetre sutilmente de modo
que você se considere a si mesmo como tendo tudo, deve compreender que não mais
estará dependendo de Deus.
Eu, que agora falo com você,
não tenho certeza alguma quanto a meu futuro. Não sei se ainda estarei pregando
o evangelho no ano que vem. A menos que Deus me conserve até o ano que vem,
pode ser que eu não possa servir; deveras, posso até mesmo nem seguir a Cristo.
Digo isto com um coração angustiado, pois sei que não tenho meios de conservar
a mim mesmo. Se Deus não me conservar, confesso não ser por mim mesmo capaz de
estar em pé no lugar humilde de hoje. Lembro-me de como estive a ponto de
separar-me de Cristo muitas vezes desde o dia em que me tornei crente, mas
louvo a Deus por ter-me conservado.
Permita-me dizer-lhe que a
não ser mediante o depender de Deus e confiar nele momento a momento, não
conheço outra maneira de viver uma vida santificada. Se não dependermos do
Senhor não podemos saber quanto tempo continuaremos com ele. Sem depender de
Deus nada podemos fazer, nem tampouco podemos viver como crentes por um único
dia.
Será que realmente percebemos
isto? Ou será que ainda temos um pequeno poder com o qual sustentar a nós
mesmos e ter sucesso em muitas coisas? Seja manifesto a todos que a
autoconfiança é o inimigo da dependência de Deus. Deus deve levar-nos até nosso
fim para que saibamos não existir bem algum em nós. Não fosse por sua graça,
teríamos derrotas de todos os lados. Devemos chegar ao ponto em que percebamos
ser absolutamente indignos e não ter força alguma. Não ousamos ser
autoconfiantes, nem ousamos tomar qualquer ação independente, fora de Deus.
Devemos continuar prostrados perante ele com temor e tremor, buscando sua
graça. De outra forma, nossa natureza fará com que nos consideremos competentes,
tendo prazer em nossas próprias atividades e recusando-nos a depender de Deus.
Ao olhar para os anos
passados posso ver que muitos irmãos a quem conheci se desviaram. Ainda me
lembro do que certo irmão me disse um dia: "Senhor, agora conhecemos as
Escrituras que o senhor prega; temos feito grande progresso e não estamos
muito distantes de seus obreiros." Que autoconfiança! Mas onde estão esses
irmãos hoje? Também lembro de outro irmão dizer-me recentemente: "Irmão
Nee, pode ser que eu não conheça muita coisa, mas pelo menos conheço os
ensinamentos bíblicos ..."ao ouvir isto, imediatamente percebi que este
irmão corria sério perigo. Hoje, ele também se desviou do caminho estreito. São
muitas as tragédias similares que podemos recordar durante nossa vida. A causa
principal de tais tragédias é a autoconfiança. A autoconfiança é a causadora de
todas as derrotas.
O que Deus deseja que
saibamos hoje é que não podemos depender absolutamente de nosso ego. Deseja que
confessemos nossa fraqueza e inutilidade em todo o tempo. Deseja que tenhamos
consciência do que nunca tivemos antes — isto é, deseja que estejamos cônscios
de nossa total insuficiência e que admitamos que se não fosse por seu poder
conservador, não podíamos permanecer nem um momento e que se não fosse por sua
fortaleza nada podíamos fazer. Possamos nós ser quebrantados pelo Senhor hoje
para que não ousemos tomar nenhuma ação independente ou abrigar nenhuma atitude
fora dele. Doutra forma, o fim inevitável será a vaidade e a derrota. Que Deus
tenha misericórdia de todos nós!
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